Na capa do catálogo da
IKEA podemos ler a máxima “Criado para pessoas, não para consumidores”.
Com este slogan, a empresa sueca revela a vontade de satisfazer o gosto
e as necessidades do indivíduo real, em vez de sugerir artigos
destinados a um consumidor abstrato, ou seja, uma construção do marketing.
É um conceito interessante vindo de uma marca que massifica o consumo, mas que
está atenta ao processo de individualização, melhor, de personalização do
consumidor que se acentuou com a pós-modernidade.
O novo consumidor libertou-se de constrangimentos que vinham do passado,
como os hábitos e tradições impostas pela posição social, e tornou-se, segundo
Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, “errático, nómada, volátil, imprevisível,
fragmentado e sem regras”, isto é, “um sujeito que faz zapping e é
descoordenado” (A Cultura-Mundo). Por isso, o consumidor é agora cada
vez menos catalogável de acordo com definições padronizadas, destacando-se pela
individuação das escolhas que faz em função de critérios subjetivos. Tal não
significa que seja um consumidor mais seguro daquilo que quer, antes pelo
contrário. Atingido a todo o momento pela publicidade, pelos apelos ao consumo
e com tanta diversidade de opções, este consumidor está mais desorientado do
que nunca. Assim, a máxima da IKEA inscrita na capa do catálogo, ao mesmo tempo
que sublinha a singularidade dos seus produtos, procura orientar as escolhas
das pessoas do segmento em que se enquadra.
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