domingo, 9 de outubro de 2016

A IKEA e o novo consumidor



Na capa do catálogo da IKEA podemos ler a máxima “Criado para pessoas, não para consumidores”. Com este slogan, a empresa sueca revela a vontade de satisfazer o gosto e as necessidades do indivíduo real, em vez de sugerir artigos destinados a um consumidor abstrato, ou seja, uma construção do marketing. É um conceito interessante vindo de uma marca que massifica o consumo, mas que está atenta ao processo de individualização, melhor, de personalização do consumidor que se acentuou com a pós-modernidade.
O novo consumidor libertou-se de constrangimentos que vinham do passado, como os hábitos e tradições impostas pela posição social, e tornou-se, segundo Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, “errático, nómada, volátil, imprevisível, fragmentado e sem regras”, isto é, “um sujeito que faz zapping e é descoordenado” (A Cultura-Mundo). Por isso, o consumidor é agora cada vez menos catalogável de acordo com definições padronizadas, destacando-se pela individuação das escolhas que faz em função de critérios subjetivos. Tal não significa que seja um consumidor mais seguro daquilo que quer, antes pelo contrário. Atingido a todo o momento pela publicidade, pelos apelos ao consumo e com tanta diversidade de opções, este consumidor está mais desorientado do que nunca. Assim, a máxima da IKEA inscrita na capa do catálogo, ao mesmo tempo que sublinha a singularidade dos seus produtos, procura orientar as escolhas das pessoas do segmento em que se enquadra.

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