O estudo da VoteWatch sobre a
atividade dos eurodeputados portugueses é muito interessante. Gostaria de
sublinhar os números relativos a Nuno Melo, por ser o cabeça de lista do
CDS-PP, apesar de apresentar índices muito baixos. Vejamos: é o 17º (em 21) no ranking, com 12 pontos no índice de
influência, teve 7 participações em ações legislativas (21 de José Manuel
Fernandes, PSD, líder do índice com 43 pontos), 5 pontos na rede de influência
(12 para Carlos Zorrinho e Ana Gomes, ambos do PS) e 0 (zero) em posições de
liderança (21 para Paulo Rangel, PSD). Por fim, participou em apenas 83,9% das
votações (4º pior registo) contra 98,5% de Zorrinho. O pior é que Nuno Melo nem
tem consciência da má qualidade da sua prestação e autoavalia-se com 20 valores
“e sem falsa modéstia”... O que esteve a fazer este homem no Parlamento
Europeu?! Vale a pena reelegê-lo?
Obviamente, não!!!
O Labirinto de Piers
sábado, 25 de maio de 2019
O dilema do Nacionalismo em Portugal
Questionado sobre a
possibilidade do crescimento do chamado “populismo” em Portugal já nas próximas
eleições para o Parlamento Europeu, António Costa Pinto respondeu que não (Expresso, 11-5-2019). Quais foram os
argumentos apresentados para sustentar esta afirmação?
Se bem que aceitando
que a estrutura social e política portuguesa não o impede, Costa Pinto defende
que os temas escolhidos pela força política que protagoniza o “populismo” – a coligação Basta – não colhem no eleitorado: a ordem, a castração química de
pedófilos e criminosos e a questão da identidade nacional. De facto, apenas a
corrupção parece motivar alguma agitação na sociedade portuguesa. Porém, a
vulgarização destes casos, que têm afetado vários setores, desde funcionários
públicos a decisores políticos, passando pelo meio empresarial, tende a normalizar o fenómeno e a fazer com que
ninguém se sinta particularmente chocado quando surge mais um caso.
Assim, sem a existência
de uma grave ameaça à ordem pública, com as minorias étnicas e religiosas
aparentemente controladas, sem uma invasão migratória como a que outros países
viveram, o “populismo” fica praticamente sem discurso mobilizador. “Populismo”
é um conceito que abrange todos as correntes ideológicas e políticas que são
contra o sistema vigente, entre as quais se encontra o Nacionalismo.
No cenário traçado por
Costa Pinto, qual poderá ser, então, o caminho para o Nacionalismo em Portugal?
Já se percebeu que o PNR não tem capacidade para se tornar o partido
representativo dos valores nacionais, faltando-lhe dinâmica e sentido dos
tempos que vivemos, e inábil para motivar uma reflexão profunda sobre o
presente e o futuro do Nacionalismo. Este debate é essencial num mundo em que o
relativismo ganhou posições dominantes em diversas áreas, pondo em causa a
superioridade dos valores cristãos e as identidades nacionais. O Nacionalismo
tem de se repensar em Portugal e encontrar a melhor via para triunfar. Não
basta usar as redes sociais como canal de comunicação para se aproximar das
pessoas: o mais importante é definir claramente o que deve ser comunicado e
como. Para tal, é urgente que haja uma regeneração do Nacionalismo português, a
qual só poderá acontecer com base num debate profundo e sério.
sábado, 29 de outubro de 2016
A extensão das marcas
Recentemente, Cristiano Ronaldo inaugurou o primeiro de uma cadeia de hotéis associados à sua marca CR7 e o “Continente” lançou um plano de saúde. São dois exemplos da tendência de marcas de grande dimensão extravasarem das suas áreas de negócio originais e se projetarem noutras como forma de beneficiarem da notoriedade alcançada. As grandes marcas invadem novos domínios, diversos daqueles em que tiveram origem, dessa forma alargando o seu campo de legitimidade.
domingo, 16 de outubro de 2016
Ó, estes publicitários!
A conjugação das
palavras e das imagens é essencial para construir a imagem de uma marca e
garantir a sua comunicação e difusão. A chamada publicidade criativa e o
cuidado com o design das embalagens predominam numa sociedade em que,
para além de se valorizar as características do produto, se procura, acima de
tudo estetizar a comunicação das marcas, torná-la mais atraente para o público.
As exigências do mercado cada vez mais concorrencial e de um consumidor disponível
para o que é diferente fazem com que se tenha vindo a desenvolver um processo
de hibridização entre o comercial, a moda e a arte. Por outro lado, a admiração
das pessoas pelas obras de arte, uma admiração superficial e simplista, é
certo, e que tem por objeto principal a arte clássica, tem-se acentuado, como revelam
os números de visitantes a museus por essa Europa fora. Nesse sentido, não é de
admirar – antes pelo contrário – que os criativos recorram a imagens de arte clássica para dar um toque estético mais sério às embalagens ou à publicidade das marcas. Porém, nem sempre essa
adaptação é feita de forma adequada, seja porque os próprios designers têm lacunas importantes no que à compreensão do significado das
imagens diz respeito, seja porque contam com a falta de conhecimento do público
em relação à arte.
Vem esta reflexão a propósito da utilização de um detalhe da pintura Judite e
Holofernes da autoria de Caravaggio no rótulo de frascos de molho orgânico de
tomate e cogumelos. Quem não conhecer a totalidade da obra, apenas fica com a
ideia de que se recorreu a uma figura feminina de uma pintura clássica como
forma de diferenciar o produto em causa. O problema está quando se vê o quadro
completo e se percebe que aquela figura se insere numa cena bíblica
particularmente violenta, em que Judite vinga os atos de Holofernes contra o
seu povo. A escolha desta figura deixa-me várias interrogações: com tantas
figuras femininas em obras clássicas, porquê selecionar esta especificamente? Será
pelo facto do pintor ser italiano? Mas o que não falta são pintores italianos
no século XVII e noutros! Por outro lado, parece-me evidente que a associação
de ideias entre a degolação e o molho não é certamente a melhor. Será que
ninguém pensou nisso? Nenhum dos criativos leu Barthes (“A retórica da imagem”, pelo
menos!) para perceber as características da imagem e a importância dos
significados denotativo e conotativo?
A vontade de estetizar as imagens das marcas tem os seus exageros e
absurdos. Este é um deles.
domingo, 9 de outubro de 2016
O museu-espetáculo
O Museu de Arquitetura,
Arte e Tecnologia (MAAT) é o mais recente exemplo em Portugal de um novo tipo
de museu: o museu-espetáculo. Caracterizado pela arquitetura arrojada, é acima
de tudo um lugar de recreação destinado às massas, não mais um lugar de
recolhimento e elevação espiritual como eram os museus da primeira modernidade.
É, aliás, significativo que, para lá de algumas referências a artistas que
terão as suas obras ali expostas, o que mais foi enaltecido através dos media
tenha sido a sua
arquitetura, os espaços abertos ao público em geral e a paisagem
que se pode desfrutar a partir do museu.
Além disso, trata-se de
um espaço que se integra nas mais recentes tendências do marketing urbano. Tal
como sucedeu com o museu Guggenheim de Bilbao, também o MAAT se pretende estabelecer
como lugar emblemático ao nível global, desse modo contribuindo para a
consolidação da imagem de marca de Lisboa como destino turístico.
A IKEA e o novo consumidor
Na capa do catálogo da
IKEA podemos ler a máxima “Criado para pessoas, não para consumidores”.
Com este slogan, a empresa sueca revela a vontade de satisfazer o gosto
e as necessidades do indivíduo real, em vez de sugerir artigos
destinados a um consumidor abstrato, ou seja, uma construção do marketing.
É um conceito interessante vindo de uma marca que massifica o consumo, mas que
está atenta ao processo de individualização, melhor, de personalização do
consumidor que se acentuou com a pós-modernidade.
O novo consumidor libertou-se de constrangimentos que vinham do passado,
como os hábitos e tradições impostas pela posição social, e tornou-se, segundo
Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, “errático, nómada, volátil, imprevisível,
fragmentado e sem regras”, isto é, “um sujeito que faz zapping e é
descoordenado” (A Cultura-Mundo). Por isso, o consumidor é agora cada
vez menos catalogável de acordo com definições padronizadas, destacando-se pela
individuação das escolhas que faz em função de critérios subjetivos. Tal não
significa que seja um consumidor mais seguro daquilo que quer, antes pelo
contrário. Atingido a todo o momento pela publicidade, pelos apelos ao consumo
e com tanta diversidade de opções, este consumidor está mais desorientado do
que nunca. Assim, a máxima da IKEA inscrita na capa do catálogo, ao mesmo tempo
que sublinha a singularidade dos seus produtos, procura orientar as escolhas
das pessoas do segmento em que se enquadra.quarta-feira, 5 de outubro de 2016
5 de Outubro
Diálogo de dois
estudantes universitários:
- Ainda bem que depois
de amanhã é feriado!
- A sério? Feriado de
quê?
-…
No comment!
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